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Preocupação com futuro pode afetar saúde emocional de jovens já na escola, diz pesquisa

13.05.2025  |    1.205 visualizações Escola Lourenço Castanho

Incertezas sobre a vida adulta reforçam papel da escola no acolhimento e na prevenção de transtornos emocionais

A ansiedade em relação ao futuro tem impactado diretamente a saúde mental de adolescentes e jovens entre 16 e 25 anos. Uma pesquisa da instituição Prince’s Trust, com mais de 2 mil jovens no Reino Unido, aponta que um em cada cinco já faltou à escola ou ao trabalho devido a problemas emocionais ligados a essa preocupação. Para as psicólogas Eloá Ulliam e Nathalia Lima, da Escola Lourenço, esse tipo de sofrimento pode surgir na vida escolar, o que demanda acompanhamento.

É na escola que muitas dessas questões começam a aparecer e também onde podem ser acolhidas e trabalhadas. “Se realizado mediante uma escuta atenta, quando a fala dos jovens, dos professores e dos outros componentes da escola são expostas e trabalhadas, não só no coletivo, em pequenos grupos e em momentos individuais, existe a possibilidade de compreender quais as dinâmicas daquele contexto escolar que funcionam e quais precisam ser revistos”, destaca Eloá. Para ela, entender esses fatores ajuda não só no desempenho escolar, mas também na prevenção de quadros de sofrimento emocional.

As psicólogas explicam que, dentro da sala de aula, há espaço para intervenções com potencial terapêutico. “Partindo do princípio de que a fala possibilita não só a elaboração de conflitos, mas também a construção de um coletivo mais igualitário, os atendimentos dentro das salas de aula podem apresentar efeito terapêutico”, afirma Nathalia. “Existem jovens que se posicionam de forma mais silenciosa, mas, em geral, diante do convite para o atendimento, de um espaço em que possam se expressar, o clima é de ânimo”, explica.

Segundo elas, essa abertura dos jovens ao diálogo é reveladora. “A disponibilidade demonstrada pelos jovens também possibilita a compreensão sobre a experiência do saber, sobre a relação com a escola, sobre a maneira como se relacionam uns com os outros e sobre questões de saúde mental”, acrescentam.

Papel da escola

A escola, nesse sentido, tem um papel ativo. As psicólogas comentam que as rodas de conversas com os alunos e a ação da psicologia em conjunto com a comunidade escolar podem criar a existência de um espaço de vínculo e trabalho, no qual as diferenças e as relações entre os alunos são cuidadas e refletidas, possibilitando que frustração, raiva e agressividade não se transformem em violência.

Os educadores também ocupam lugar central nesse processo de cuidado e construção de vínculos. “Os professores são joias preciosas neste processo, uma vez que os alunos pedem conexão e endereçam para eles o desejo do saber”, observa Nathalia. Além disso, segundo ela, é comum o jovem que está vinculado ao professor encontrar na escola um espaço de segurança, de investimento ou que, diante de uma aula que possibilite ao aluno reconhecer seu aprendizado e sua capacidade, vivencie experiências menores, mais administráveis de sofrimento psíquico, como crises de ansiedade.

Elas resumem que, mais do que um espaço de conteúdo, a escola pode ser um território de cuidado emocional, onde os jovens possam ser ouvidos, acolhidos e estimulados a crescer em todas as suas dimensões.

Sobre Eloá Ulliam

Psicóloga, atua na Escola Lourenço Castanho, é graduada pela UNESP de Assis, especialista em Saúde Mental pela Unicamp, tem mais de 10 anos de experiência na área de saúde mental.

Sobre Nathalia Lima

Psicóloga clínica e do Escuta Escola, atua na  Escola Lourenço Castanho, é graduada pela Unesp, especialista em Psicologia Clínica Hospitalar e em Psicopatologia Clínica.

Sobre a Escola Lourenço Castanho 

Oferece um projeto pedagógico inovador, que extrapola o trabalho com os conteúdos produzidos pelas grandes áreas do conhecimento, investindo também no desenvolvimento da autonomia e da crítica, na análise da dimensão social construída pelos estudantes e na vinculação com o saber. Ao longo dos anos, a Escola mantém o compromisso com seus princípios, consolidando a formação integral como a base de seu projeto pedagógico-educacional.

 

 

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